A Casa da Terra, em Celorico de Basto, acolheu no dia 15 de junho a apresentação do livro “Direito de Propriedade – Abordagem Humanística e Canónica”, da autoria do Pe. Alexandre Sá. A iniciativa reuniu uma plateia numerosa, que fez questão de marcar presença na apresentação da obra do sacerdote que exerceu funções no concelho durante treze anos.
Segundo o autor, “foi escrita no tempo em que exercia funções neste concelho, um livro que não tem leitura fácil, uma vez que se trata de um trabalho académico de investigação, mas que me pareceu pertinente abordar. Trata-se de perceber onde se situa o direito de propriedade no âmbito do pensamento da filosofia política e da filosofia do direito e no contexto específico da legislação da Igreja, numa abordagem humanística e histórica, bem como canónica.”
Sobre o regresso a Celorico de Basto, Alexandre Sá confessou: “É com muito gosto que apresento a obra em Celorico, minha casa durante treze anos, até setembro de 2024, e onde me sinto muito bem. Tinha a intenção de lançar mais cedo esta obra, mas a conciliação de várias agendas foi difícil, pelo que, só agora se tornou possível concretizar este momento. Hoje estou muito feliz, não só por ver o interesse com que os celoricenses acolheram esta obra, mas também por este momento de encontro com muitos amigos que marcaram a minha passagem por Celorico de Basto, e hoje marcaram presença com uma enorme manifestação de carinho, sinal de que nunca vamos embora de junto daqueles que nos querem bem, mas ficamos sempre presentes.”

A cerimónia contou com a presença de diversas entidades civis e religiosas. O presidente da Câmara Municipal de Celorico de Basto, José Peixoto Lima, felicitou o autor pela obra e pelo trabalho desenvolvido no concelho ao longo de mais de uma década de funções pastorais. “Felicito o Pe. Alexandre pela obra, o direito de propriedade é um tema muito pertinente, seja ao nível eclesiástico, seja na sociedade civil. Em tempos, muitos dos negócios, também na Igreja, eram feitos sem documentos escritos, os bens eram dados ou doados pela palavra, o que faz com que muitas propriedades, ainda hoje, não tenham qualquer registo. Hoje, temos o BUPI em funcionamento no Município para facilitar o registo dos terrenos do concelho, a maioria dos proprietários não sabe onde começa ou onde acaba o seu terreno, e isso é um problema que causa muitos transtornos, sobretudo nos limites florestais, na criação de acessos, na articulação de políticas públicas. O direito de propriedade é uma forma de planeamento e organização estrutural das comunidades.”
A apresentação da obra ficou a cargo da juíza do tribunal eclesiástico de Braga e professora universitária Federica Dotti, que iniciou a sua intervenção com uma referência a uma frase da própria obra: “Os bens materiais fazem com que a Igreja coloque em causa a sua credibilidade.” A professora esclareceu que os bens temporais são necessários e devem ser usados para o aperfeiçoamento pessoal do homem e que “o direito canónico observa o que se faz com os bens, como adquirir, administrar, alienar… neste ponto o mais importante é a finalidade com que se usa os bens temporais, no tempo em que se vive.”
A apresentação foi ainda complementada pelo Pe. Tiago Freitas, sacerdote da Arquidiocese de Braga, professor universitário e diretor do Espaço Vita e da Livraria Diário do Minho. Referiu que esta obra integra a coleção O Estímulo dos Pastores, inspirada numa frase do arcebispo Frei Bartolomeu dos Mártires, e que visa “incentivar a formação académica do clero bracarense, valorizando e publicitando o seu esforço de trabalho suplementar nas ciências teológicas e humanas”. Acrescentou ainda que o livro tem “uma vertente solidária”, explicando que “tem a finalidade de promover a obtenção de receitas para o Fundo de São José, do Seminário de Braga, criado para ajudar os seminaristas com menos posses económicas a fazer o seu percurso de formação no seminário”. E concluiu: “Este livro e a coleção são também um ato de justiça de quem dá muito do seu tempo na investigação. O livro pretende conservar o resultado da investigação dos sacerdotes da Arquidiocese de Braga, O Estímulo dos Pastores, que há de reverter também para a formação dos pastores.”
A sessão contou ainda com um momento musical proporcionado pelo professor David Lourenço, da Academia de Música de Basto, que interpretou à guitarra as peças A Lágrima e Palavra, de Francisco Tárrega.
No final, decorreu uma sessão de autógrafos, acompanhada por um verde de honra promovido pelo Município de Celorico de Basto, entidade organizadora do evento.