No passado sábado, dia 3 de agosto, pelas 17h00, a antiga Estação Ferroviária de Canedo de Basto foi oficialmente reinaugurada. A cerimónia iniciou-se com o descerramento da placa evocativa e a bênção das instalações pelo padre da paróquia local, Parcídio Rodrigues.
A Estação de Canedo de Basto sofreu uma profunda intervenção e está novamente disponível para servir a população. Embora com fins diferentes de outrora, mantém-se a intenção de servir com dignidade a comunidade.
Na cerimónia de inauguração, José Peixoto Lima, presidente da Câmara Municipal de Celorico de Basto, disse: “Hoje estamos aqui reunidos para celebrar a reabilitação deste edifício, um espaço que está na memória de muitos que por aqui passaram para fazerem a sua vida, um espaço carregado de memórias e de histórias, que tinha que ser reabilitado”.
A estação, construída na década de 40 do século XX pelos Caminhos de Ferro do Estado, foi finalizada, chegando ao Arco de Baúlhe, em 1949, tendo tido “um processo de construção que demorou quase 40 anos, com milhares de pessoas a rasgar este território ao longo do Vale do Tâmega, quase sem meios, e que foram capazes de construir obras de arte notáveis, como é caso da Ponte de Matamá. O encerramento da linha, depois de tantos sacrifícios, de tantas memórias e vivências, foi uma tristeza para todos nós”, partilhou o autarca com saudosismo.
O edil celoricense recorda que “esta estação, como todas as outras estações, foi objeto de atos de grande vandalismo, e tivemos que, no fundo, reabilitar tudo. Reabilitar o espaço canal, para ser utilizado; reabilitar os edifícios, para restituir a memória e património; os azulejos, foram também reabilitados por uma empresa da especialidade, que fez um trabalho exímio e que lhes restituiu a face de outrora”.
Sendo imperativo manter estes espaços preservados, José Peixoto Lima diz que “a melhor forma de preservarmos as coisas é darmos-lhe um uso. E esse é o grande desafio que se coloca para esta estação e as demais, estamos a fazer de tudo para lhes dar um uso que valorize os edifícios e preserve a sua história. Neste momento, grande parte dos edifícios das estações estão a ser utilizados para apoiar os utentes da ecopista, promover o nosso território e, ao mesmo tempo, serem capazes de dinamizar a nossa economia local. Esse é um propósito que queremos cumprir”.
A par desta estação, será também reabilitado o edifício da Casa do Agulheiro: “o projeto já existe, o processo para a sua construção está a ser lançado, e esperamos que a muito curto prazo possamos levar a cabo essa obra. A escassez de habitação é um problema a nível nacional, mas neste concelho queremos reabilitar todos os edifícios públicos que estão devolutos e colocá-los aos serviços das pessoas”.
O presidente explica que “a nossa estratégia local de habitação é ampla e não se vincula apenas ao 1.º Direito, com 362 habitações candidatadas ao apoio, de iniciativa privada. Queremos que as famílias que não têm habitação própria e vivem em condições indignas possam ter uma habitação condigna e com conforto. Nesta Casa do Agulheiro vivia uma família de forma indigna que foi realojada, porque ninguém fica para trás”. O autarca mostrou-se especialmente agradecido a Helena Martinho, “ilustre membro desta freguesia e quadro do nosso Município, pela forma como geriu o processo de realojamento desta família”.
A reabilitação da Estação de Canedo de Basto era também um objetivo claro do presidente da Junta de Freguesia de Canedo de Basto e Corgo, Sérgio Mota, que se mostrou muito agradado com o resultado. “Deus quer, o homem sonha, e a obra nasce. Depois da Casa da Taipa, Canedo volta a estar em festa, e é com uma alegria imensa que estou aqui hoje a testemunhar a inauguração das obras de reabilitação da nossa antiga estação de comboios”.
O presidente da Junta salienta que este é “um edifício carregado de histórias e memórias, que durante anos prestou um serviço prestigiante à nossa população. Agora ganha uma nova vida e prestará um serviço diferente, no âmbito do alojamento urgente e temporário, inserido na estratégia local de habitação. Será também espaço de venda de produtos regionais e apoio aos utilizadores da ecopista”.
Visivelmente satisfeito, Sérgio Mota considera que “este é um espaço renovado que muito dignifica e enriquece a nossa União de Freguesias, permitindo-nos revisitar e honrar o passado, escrever o presente, com o início de um novo capítulo desta estação, e desenhar o futuro que, acredito, só pode ser promissor. Este capítulo só pode ser escrito graças ao envolvimento dos muitos que lutam pela defesa e pelo desenvolvimento do nosso concelho, e a quem quero expressar o meu profundo agradecimento”.
A população da União das Freguesias de Canedo de Basto e Corgo marcou presença para assistir a este momento marcante, que assinala a renovação da história e memória de muitos. A estação, originalmente denominada de Apeadeiro de Canêdo, é uma antiga interface da Linha do Tâmega que servia Canedo de Basto.
Esta estação foi a última dentro do território de Celorico de Basto a ser reabilitada.