A Oficina da Música, antigo Ciclo Preparatório, foi inaugurada este domingo pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, marcando a abertura ao público deste novo espaço dedicado à música e à cultura no concelho. “Uma aposta na juventude e na polivalência, um mesmo espaço que consegue albergar dimensões que são culturais, que são comunitárias, que são viradas para o futuro” palavras do Presidente da República.
Durante o discurso que antecedeu a visita ao espaço, o Chefe de Estado, recordou o tempo de autarca, enquanto presidente da Assembleia Municipal de Celorico de Basto, “anos inesquecíveis, quando na década de 80 para a de 90, começa a alterar-se progressivamente o panorama em Celorico de Basto. Um concelho com uma imensa e riquíssima história, mas que conheceu no final do século XIX, início do século XX, o problema de emigração, pobreza e desigualdade”. Durante a intervenção, recordou as lutas que foram travadas para acelerar o desenvolvimento do concelho, “ainda me lembro do Sr. presidente da Câmara atual, exercer funções ligados à utilização de fundos comunitárias, por isso percorria toda esta região e conhecia como os avanços eram lentos. Recordo a mudança do centro urbano tradicional para um novo centro urbano. Curioso, hoje vai ser apesentado o livro “Dom António Ribeiro e lembro-me de ter trazido cá o Presidente Jorge Sampaio, e todos os bispos de Portugal para a inauguração da estátua do Cardeal António Ribeiro”.
Numa lembrança saudosista, Marcelo Rebelo de Sousa recorda como foi a evolução do concelho ao longo dos últimos 30 anos, “é impressionante e reconfortante ver que, o que parece que demorou muito tempo, mas que corresponde a 40 anos, para a história de Celorico é pouco tempo, mas para a vida das pessoas é muito. Mudou a face de Celorico, progressivamente, há sempre problemas, na ação social, na saúde, nas infraestruturas, mas agora há novas exigências, as pessoas estão mais exigentes, querem mais para educação, para a saúde, para a habitação, para o emprego”.
Na cultura, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou os tempos em que trouxe autores, escritores e notáveis à festa do livro, onde foi muto feliz e quer voltar, “a feira do livro deixou de ser feira do livro para ser festa do livro e agora é a festa da cultura, o livro é um pretexto para acrescentar valor. A biblioteca Municipal está no cerne da organização desta festa “verdadeiramente sou, em teoria, o consultor da biblioteca, mas no futuro terei disponibilidade para a inserir na minha rota de vida, dedicada sobretudo à educação e formação para mais novos. Pretendo dinamizar mais ainda esse espaço, dinamizar ainda mais a ligação às escolas, pegar nos núcleos que lá existem e dar-lhes vida ajudando, eu próprio, a dar vida, a acrescentar à festa do livro, ou criar outras formas de atividade ou de polo cultural enquanto tiver dinamismo e vontade de o fazer”. O Presidente diz ter perdido a conta ao número de volumes enviados para a biblioteca, “entre os 250 mil e 300 mil, e Celorico de Basto acabou por ser pioneiro em relação aquilo que hoje é uma moda, quando vários escritores passaram a doar a sua obra, o seu espólio as suas bibliotecas às terras de origem. Estava a pensar o que poderia fazer da minha vida por Celorico, porque aqui passei tempos muitos felizes na minha vida”.
Declarações que deixaram os presentes satisfeitos na abertura ao público da Oficina da Música. José Peixoto Lima, presidente da Câmara Municipal diz que “este espaço, agora com novas funções acolhe a Academia de Música de Basto, a Banda filarmónica de Santa Tecla e outras entidades que têm agora, um lugar para desenvolver, com qualidade as suas atividades. É um espaço que promove o ensino da música e fomenta a dinamização da cultura local por diferentes associações e coletividades. Um edifício datado da década de 70 manteve a sua taça original, mas sofreu profundas alterações, sobretudo no seu interior, um edifício que faz parte da memória coletiva dos celoricenses e que dá continuidade às funções para que foi desenhado, o ensino e a formação”.
O autarca deu especial destaque à Academia de Música pela sua importância na formação em música com o ensino articulado e à Banda Filarmónica de Santa Tecla, que recuperou o vigor a partir de 1980, “entidades que acrescentam e elevam o nome de Celorico de Basto por este país fora. E fazendo jus a este espaço, temos aqui em exposição um espólio com dezenas de grafonolas, caixas de música e gramofones, peças extraordinárias que nos fazem viajar no tempo e que nos mostra como tudo evoluiu em tão curto espaço de tempo. Ao Sr. Joaquim Teixeira, o meu bem-haja por tão valiosa e peculiar coleção, uma coleção que estará agora disponível para visita do público sendo este o seu local de exposição permanente”. José Peixoto Lima diz trata-se de uma obra com um investimento aproximado de 1 milhão de euros, comparticipados pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional “um bom exemplo de aplicação dos fundos comunitários, não apenas pela obra desenvolvida, mas sobretudo pelos serviços que o mesmo passa a comportar”.
José Peixoto Lima que, e como afirmou o Presidente da República, trabalhou durante décadas na submissão de candidaturas para atrair fundos comunitários para o concelho, investimento que permitisse e assegurasse o seu crescimento sustentado, reforçou a importância de aproveitar todos os fundos existentes para melhorar a habitação, “quando hoje ouvimos falar na crise da habitação é importante olhar para os edifícios que temos degradados e propriedade do Estado, sendo imperativo, reabilitá-los. Uma estratégia que estamos a implementar porque mais que construir obra nova é nosso dever requalificar e dar vida aos edifícios existentes. Ao mesmo tempo estamos a reabilitar o parque habitacional, na perspetiva de criar uma habitação condigna para todos. Nesta sequência e considerando a carência habitacional vamos lançar a concurso a 129 fogos, num investimento superior a 17 milhões de euros”.
O autarca fez alusão aos muitos desafios com os quais tem que lidar na saúde, na ação social, na educação, no emprego, na juventude, nas infraestruturas, como ligações de rede viária, e acrescenta que “queremos e vamos combater as assimetrias existentes nas diferentes áreas e reforçar aquelas que têm crescido substancialmente e levado este concelho pelo mundo. O nosso projeto são as pessoas e o nosso trabalho é incontestavelmente direcionados a todos, para que todos se sintam bem na sua casa, Celorico de Basto”.
Aproveitou para enaltecer a Festa do livro um evento que tem vindo a crescer e que é agora mais versátil e pretende ser ainda mais dinâmico e que teve, em tempos, Marcelo Rebelo de Sousa como patrono. “É importante continuar a desenvolver estes eventos que, para além dos benefícios imediatos que trazem a esta terra, e a estas gentes, apresenta um impacto duradouro, na sociedade e é, por termos noção clara do papel vital que a festa do livro desempenha na comunidade, na promoção da leitura e no fortalecimento das comunidades que temos a intenção de continuar a elevar o evento, ano após ano, sempre com o livro como protagonista”.
A abertura oficial ao público da Oficina da Música contou com a presença de várias personalidades com forte presença da comunidade que será a principal utilizadora deste espaço.
Depois da visita ao espaço houve ainda tempo para visitar a festa do livro e participar ativamente na apresentação do livro “Dom António Ribeiro” de Paula Borges Santos, isto no dia de encerramento da Festa do livro, em Celorico de Basto.