A I Festa das Plantas Aromáticas e Medicinais mostrou que a relação estre as pessoas e as plantas continua muito íntima e necessária. A sua utilização ancestral foi evidenciada pelas múltiplas ações promovidas este fim-de-semana, na Casa da Terra e área circundante, em Celorico de Basto.
Alimento, remédio, cosmética, preservação ambiental são alguns dos usos de muitas das plantas aromáticas e medicinais apresentadas nesta festa. Criadas as condições, promoveram-se workshops, ateliers, demonstrações, caminhadas, degustações, provas, momentos musicais e o Mercado de “Sabores e Aromas”.
Viveram-se experiências “únicas, que nos transportaram para realidades já esquecidas, que nos fizeram sentir sensações que não me lembro de experienciar que reforçaram a necessidade de conhecer melhor estas plantas, de as preservar, de as valorizar enquanto património natural. Os múltiplos usos demonstraram um potencial económico versátil, orientado para a gastronomia, óleos essenciais, infusões, produção, cultivo, medicinal, terapêutico”. O autarca conhecedor do território e de muitas destas plantas admite que “esta riqueza que o território acerca em si, identifica-nos e diferencia-nos. Além de contribuir de forma positiva, se devidamente utilizadas, para a diminuição da pegada ecológica e preservação dos ecossistemas e do ambiente”. José Peixoto Lima acrescentou ainda que “esta foi a primeira experiência circunscrita a alguns participantes, pela logística de cada ação, mas que deixou patente o interesse geral da comunidade, pelo que iremos trabalhar para que a próxima ação seja ainda mais rica, atrativa e diferenciadora, onde o conhecimento sobre as plantas aromáticas e medicinais seja a força motriz”.
A ação contou com vários momentos marcantes e com a presença da reconhecida Herbalista, Fernanda Botelho, que nos confidenciou que é objetivo “que as pessoas saiam daqui ainda mais encantadas com este mundo incrível das plantas. Vou falar de coisas que as pessoas se calhar já conhecem, mas que não se lembram, por isso queremos acordar memórias antigas dos usos das plantas. Nesta ação temos poucos idosos, e eu gosto de os ter connosco, porque eles transportam com eles o conhecimento”. Disse-nos também que “as pessoas tratavam-se com as plantas, não iam a correr para os hospitais, para as farmácias quando tinham uma conjuntivite, uma infeção urinária, uma gastrite…”. E lançou o repto “é preciso que se comece a comer mais destas ervas, a questionar o uso dos herbicidas, a refilar, a reivindicar a fazer aquilo a que eu chamo de ecoativismo”.
A herbalista protagonizou com a Associação “A Recoletora” o workshop de Medicina Herbal “Farmácia do Baldio” e a Caminhada/aula andante com comida bravia nas margens do Rio Freixieiro. Experiências marcantes que encantaram todos os participantes. A comida bravia constou de Paté de urtiga e alho-bravo, paté de morugem, alho bravo e camomila, pão árabe primavera com flores e pétalas, ovos revoltos com folhas da margem do rio, rolinhos de malvas recheados com arroz silvestre, bolo de flor de sabugueiro e limão, acompanhados de refresco de flor de sabugueiro.
A ação Tea Experience – Talk, Eat, Act – Uma experiência Gastronómica com pairing de infusões, foi dinamizada pela Infusões com história e Ervas de Basto e proporcionou uma experiência sensorial única. Este momento foi protagonizado por Miguel Moreira, fundador da Infusões com história e mentor deste projeto Tea Experience, que tem encantado vários locais por onde tem passado e Rita Bastos, fundadora das “Ervas de Basto”, desde que em 2014 se mudou do Porto para Celorico de Basto e se dedicou à produção de ervas aromáticas de excelência em modo biológico, na freguesia de Arnoia.
Uma ação diferente foi apresentada pelo Banco Português de Germoplasma Vegetal que mostrou aos participantes a missão do banco, estratégia e coleção conservada. Violeta Santos, do Banco, disse-nos que é objetivo “passar a mensagem de como é importante conservar a biodiversidade, habitats e ecossistemas”.
Esta primeira festa das Plantas Aromáticas e Medicinais contou ainda com a caminhada da Urze e da Carqueja promovida pela associação Bastomove.te que decorreu por trilhos de extrema beleza na área envolvente ao Vau.
As celebrações do Dia Nacional do Azulejo, numa parceria entre a Teque e o Município, decorreram no âmbito deste evento, com a ação “Oficina de Ilustração Botânica em Azulejo pelo pintor Francisco Cunha. Foi ainda desenvolvida a oficina de Desenho de Observação “o Chá em Postais” pela artista plástica celoricense Carminda Andrade. Uma festa que integrou a exposição “Estendal de Aromáticas” dos alunos do 3º ciclo da EBS de Celorico de Basto. Os visitantes puderam ainda experienciar momentos de aromoterapia com o poder dos óleos essenciais, demonstrações de massagens terapêuticas, de relaxamento, modeladoras, reiki, florais entre outras promovidas pelo Fisiomoura – Movimento, Saúde e Bem-estar, Tânia Pereira – Estética e Saúde, Cátia Silva – Espaço Alfazema, e o Centro Terapêutico de Massagens saúde e Vida.
O Mercado “Aromas e Sabores” conta com a participação de 12 stand, o Ervas de Basto, o Horto de Camélias D’ Arte Garden, o Cantinho das Origens, a Taberna do Largo dos Cães, os Sabores Aromáticos, Mimos de Arnoia, Casa Dalevada, Portrilhosdebasto, Associação Campanoo, Viveiro Municipal, A Casinha Silvano, e os espaços de aromo terapia, tudo na Praça Albino Alves Pereira, que contou com animação permanente com música, teatro e música ambiente.