O Secretário de Estado das Florestas, Rui Ladeira, esteve ontem, dia 21 de outubro, em Celorico de Basto para discutir os apoios do Governo às populações afetadas pelos incêndios de meados de setembro, que destruíram 2775 hectares.
Recebido no salão Nobre dos Paços do Concelho, pelo presidente da Câmara Municipal de Celorico de Basto, José Peixoto Lima, pelo executivo Municipal e pelos presidentes das Juntas de Freguesia, o Secretário de Estado com a tutela das florestas considera que o governo não poderia ter sido mais ágil nos apoios às populações afetadas.
“Os organismos que tutelam esta área estão a dar o máximo, como fazem sempre, para proteger e valorizar o nosso país, e em particular os territórios afetados. Já temos linhas de apoio às populações e fundos de emergência para salvaguarda dos territórios e populações”, disse Rui Ladeira, na autarquia celoricense.
Logo após os incêndios foi estabelecido um subsídio especial para compensar prejuízos agrícolas até 6 mil euros e apoio à capacidade produtiva agrícola para a substituição e/ou reparação de animais, máquinas, equipamentos agrícolas e armazéns agrícolas. Foram ainda definidos apoios à recuperação florestal – estabilização e recuperação de áreas afetadas e apoios superiores a 6 mil euros, incluindo a reconstrução de edifícios, alfaias, áreas de vinha afetada, colmeias e outros prejuízos serão objeto de candidatura cujos processos já podem ser apresentados.
O Secretário de Estado ressalvou que a impotência vivida durante os incêndios: “É, de facto, preciso realçar a impotência. Esta calamidade derivou de ocorrências, projeções, os indicadores eram muito maus, aliás como sabem fizemos a declaração de alerta no dia anterior, no sentido daquilo que poderia acontecer com os ventos, e as ignições. Tudo foi feito considerando a situação que se vivia no país, independentemente dos meios que, certamente, foram o máximo possível que podia vir para o concelho e para a região”.
Rui Ladeira deixou ainda “um agradecimento a todos aqueles que se envolveram no combate e extinção dos incêndios. Logo de seguida, mal saíram dos incêndios, os sapadores florestais e a força de sapadores com os meios florestais, vieram logo cortar madeira e fazer contenções, da linha água e das valetas, uma prática recorrente, do qual me orgulho muito agradeço, e digo-o com a presença do presidente do ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e da diretora regional. Um trabalho que muitas vezes não é visível, mas no terreno é muito importante”.
Reitera o Secretário de Estado que, depois da desgraça, “tem de haver ação. Ação é o primeiro sinal, é garantir que o arrastamento das cinzas e dos entulhos não causam problemas ainda maiores. Sei do que falo, senti na pele, quando era autarca”.
Nesse sentido, “o ICNF, em parceria com a autarquia, estruturou as prioridades de intervenção em Celorico de Basto, após esta calamidade, com prioridade para o controlo de invasoras lenhosas, 102 hectares, 86 mil euros, uma intervenção mais musculada”.
Rui Ladeira assegura que está a ser elaborado um plano para as florestas que visa torna-las mais produtivas e atrativas para as pessoas, para os produtores, para os territórios. “Existe muita área abandonada e é preciso uma nova abordagem”, diz o Secretário de Estado.
O presidente da Câmara Municipal de Celorico de Basto aproveitou a oportunidade para mostrar ao Secretário de Estado que este Município está informado relativamente aos apoios que o Governo despoletou para estas situações. “Diga-se de forma célere, mas nós também estamos no terreno para podermos ajudar as nossas populações para que, depois da catástrofe, possam beneficiar das medidas que foram alocadas”, salientou o autarca.
José Peixoto Lima, mostrou ao pormenor a situação vivida em Celorico de Basto nos dias 16 e 17 de setembro, “com muitos hectares de área ardida e milhares de euros de prejuízos à nossa população”, referindo que “o dia 17 de setembro foi um dia negro para o concelho, em que o incêndio afetou a toda a parte sul de Celorico onde arderam 2775 hectares. Foi um dia terrível, um dia em que só podemos contar com os nossos meios, as Juntas de Freguesia, as populações. E, só ao final da tarde é que, com muita insistência, um meio aéreo foi disponibilizado para Celorico de Basto”, observou o autarca celoricense.
O presidente da Câmara Municipal de Celorico de Basto ressalvou a situação vivida no país por esses dias: “Sabemos que o país estava em chamas, foi-nos comunicado que estavam oito meios do Sul alocados para o Norte, que acabaram por não chegar a este concelho, o que fez com que o combate fosse muito mais difícil”.
O autarca salientou as consequências dos fogos que afetaram o concelho: “Hoje há muitos prejuízos que ocorreram devido aos incêndios. Temos estado em contacto com as Juntas de Freguesia, com os meios alocados do Município para fazer o levantamento de todos os prejuízos no terreno, também com o apoio do ICNF. Neste momento temos já 84 processos a serem preparados para candidatura do parque agrícola, quatro das atividades económicas e 10 referentes à reabilitação de edifícios”.
Nessa sessão, que decorreu no Salão Nobre dos Paços do Concelho, esteve ainda presente o presidente do Conselho Diretivo do ICNF, Nuno Banza, e a diretora regional (Norte) do ICNF, Sandra Sarmento.